Atentados em
Paris: perguntas e respostas sobre os ataques
Pior ataque da história da França deixou 129 mortos na noite
de sexta.
Estado Islâmico reivindica responsabilidade: 'Cuidadosamente
estudados'.
Quantas são as vítimas dos ataques?
Ao menos 129 pessoas
foram mortas na série de ataques em Parisna noite desta sexta-feira (13), sendo
70 apenas na casa de shows Bataclan. É o pior ataque à França na história
recente.
Quantos ataques aconteceram? Onde foram?
Ao menos cinco locais
foram alvo de ataques simultâneos em uma região boêmia de Paris, onde as
pessoas costumam sair para se divertir em uma sexta-feira à noite:
- Na casa de shows Bataclan, na boulevard Voltaire, no 11º
distrito, atiradores fizeram reféns e abriram fogo contra o público que
assistia ao show da banda Eagles of Death Metal. Mais de 70 reféns foram
mortos.
- No bar Le Carillon e no restaurante Le Petit Cambodge, na
rua Alibert, no 10º distrito, frequentadores foram mortos por disparos. Segundo
agências internacionais, foram 14 mortos.
- No bar La Belle Equipe, na rua Charonne, também no 11º
distrito, atiradores abriram fogo contra os clientes. Ao menos dezenove pessoas
foram mortas e há outras 13 feridas.
- Nas proximidades do Stade de France, bairro de Saint
Dennis, no norte de Paris, um ataque supostamente lançado por um suicida
ocorreu próximo ao estádio, onde França e Alemanha disputavam uma partida de
futebol. Autoridades confirmaram quatro mortos e mais de 50 feridos.
- Na localidade na rua Beaumarchais foram 7 feridos, sendo 3
em estado grave.
De quem é a autoria dos ataques?
O grupo radical
Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade neste sábado (14) por ataques
que mataram mais de 120 pessoas em Paris, segundo agências internacionais. Em
uma declaração oficial, o grupo disse que seus combatentes presos a cintos com
explosivos e carregando metralhadoras realizaram os ataques em vários locais no
centro da capital francesa que foram cuidadosamente estudados. Antes, Hollande
já havia anunciado que o grupo era o autor da ação terrorista.
Os terroristas foram mortos?
O chefe de polícia de
Paris, Michel Cadot, afirmou que, quando a polícia invadiu o local, quatro
terroristas se suicidaram, detonando explosivos que três deles tinham em seus
cintos. Ele afirmou ainda, segundo o jornal britânico "The Guardian",
que antes de entrar no local os homens dispararam tiros de metralhadoras em
cafés que ficam do lado de fora do Bataclan. A emissora de TV BFM e o jornal
"Liberation", que cita o procurador de Paris, François Molins, dizem
que cinco terroristas foram "neutralizados" no total. Agências
internacionais de notícias, no entanto, informam que 8 terroristas morreram,
dos quais 7 se suicidaram.
Há brasileiros entre os feridos?
Os dois brasileiros -
um homem e uma mulher - feridos nos ataques de Paris na noite desta sexta estão
fora de risco, segundo informou a cônsul-geral do Brasil na França, Maria
Edileuza Fontenele Reis, em entrevista ao "Hora 1". Eles estavam no
restaurante Le Petit Cambodge, nas proximidades do Canal Saint-Martin, no 10°
distrito da capital, um dos locais onde ocorreram tiroteios que deixaram dezenas
de mortos e feridos em estado grave. Um dos brasileiros feridos tomou três
tiros nas costas e foi operado. Ele é um arquiteto que está de passagem por
Paris para eventos profissionais, segundo informormou a cônsul à BBC.
Qual é o telefone de informações para brasileiros na França?
O Consulado-Geral do Brasil em Paris, na França, divulgou um
número de emergência para brasileiros que precisem de apoio ou de informações
no país. O telefone é +33 6 80 12 32 34.
Os integrantes da banda Eagles of Death Metal estão bem?
Sim, a banda está a
salvo. No início do ataque à casa de shows Bataclan, o grupo escapou do palco
pelos bastidores, segundo afirmou o irmão de um dos membros, Michael Dorio. O
irmão dele, Julian Dorio, é o baterista do grupo. Em entrevista à CNN, Michael
disse que os músicos chegaram a ver os atiradores, mas encerraram o show quando
notaram o ataque e fugiram. "Quando eles ouviram os tiros, eles apenas
correram para o backstage. Ele me disse que viu os atiradores, mas não ficou
por ali", explicou Dorio. O Eagles of Death Metal é atração do festival
Lollapalooza São Paulo, em 2016.
Qual a relação do homem preso na Alemanha com os atentados?
A ligação entre um homem detido na Alemanha na semana
passada na posse de armas automáticas e explosivos e os ataques em Paris tem
"fundamento", declarou neste sábado o ministro-presidente da Baviera,
Horst Seehofer. Contudo, o porta-voz da polícia se recusou a confirmar à AFP
uma conexão com os ataques em Paris, dizendo que não poderia dizer "o que
ele pretendia fazer com suas armas".
Como está a França agora?
Em estado de emergência. O exército francês patrulhará as
ruas de Paris nos próximos dias para evitar novos atentados, anunciou François
Hollande. "As forças de segurança e o exército, a quem agradeço sua atuação
ontem, estão mobilizadas ao maior nível de suas possibilidades", disse
Hollande. Seis mil agentes vistoriam fronteiras e aeroportos. A polícia emitiu
um alerta, pedindo que os parisienses não deixem suas casas, "a não ser em
caso de absoluta necessidade". Lugares públicos devem reforçar a segurança
nas entradas e acolher aqueles que estiverem em necessidade. A polícia também
ordenou que se interrompam as manifestações e eventos em áreas externas. Em
Paris, os hospitais entraram em "Plano Branco", um estado de
emergência e crise, segundo o "Le Monde". Cinco linhas de metrô
tiveram seus serviços interrompidos.
O que o presidente da França declarou?
François Hollande
disse neste sábado, em uma declaração à nação, que os atentados da noite de
sexta em Paris "são um ato de guerra do Estado Islâmico contra a
França". Além disso, Hollande afirmou que os ataques foram organizados
"no exterior da França" e que contaram com "cúmplices no
interior" do país.
O que líderes mundiais falaram?
Barack Obama,
presidente dos EUA, disse em entrevista na Casa Branca: "Esse é uma ataque
não apenas contra Paris e o povo da França. É um ataque contra a humanidade e
os valores que compartilhamos (...) Aqueles que acham que podem aterrorizar o
povo da França e os valores que eles representam estão errados". No
Twitter, a presidente Dilma Rousseff que está "consternada pela barbárie
terrorista". "Expresso meu repúdio à violência e manifesto minha
solidariedade ao povo e ao governo francês".
O que os brasileiros que estavam em Paris disseram?
"Vi as pessoas
correndo, caindo por cima das outras, após sair do estádio", relatou o
pernambucano Thiago Luna, de 19 anos, que mora em Paris há 8 meses e assistia
ao jogo entre França e Alemanha, no Stade de France. Welliton Caixeta Maciel
contou que está em Paris para fazer sua pesquisa de doutorado. Ele estava se dirigindo
a um local próximo a onde houve um dos ataques para encontrar alguns amigos,
mas foi alertado para voltar para casa. "Um dos meus amigos me escreveu
mandando mensagem dizendo para não sair porque tinha acontecido tiroteios. Até
então eles não sabiam o que era aquilo. Voltei pra casa e fui ler o que estava
havendo. Em menos de duas horas isso foi tomando uma proporção terrível".